Jesus Cristo Abençoai Lagoa da Prata

Banner da Planta Oficial do Município de Lagoa da Prata 2018 Extensão 438 Km2

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Dr. Otaviano de Oliveira Fundador do Colégio Municipal de Lagoa da Prata


 O advogado Otaviano de Oliveira é um contador de histórias. Articulado com as palavras é um exímio orador, além de profissional da mais alta estima, reconhecido como personalidade de Lagoa da Prata, apesar de ter nascido em Santo Antônio do Monte (MG). Filho de Zilá de Oliveira e Antônio Nestor de Oliveira, tem oito irmãos: Antônio, Afonsina, Domitildes, Altivo, Pedro Paulo, Maria Helena, Maria da Conceição e Maria Lúcia (in memoriam).
 Formado em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, fundou uma biblioteca em sua cidade natal e aqui vem contribuindo ativamente para a cultura e política. É um homem com uma memória invejável, característica que lhe fez criar um blog chamado “Ao Vencedor as Batatas”, que surgiu como protesto contra o poder judiciário. A história envolve a multinacional Nestlé, que acionamos para indenizar para a COOPERSAM por concorrência desleal. No dia da audiência de instrução a Nestlé ousou distribuir bombons no fórum.. Fizemos veemente protesto, que culminou com pedido de suspeição do Juiz. Ao final, onde era sede da Nestlé, hoje é a sede da Coopersam   . Essa página é apenas uma das muitas encontradas, com riqueza de detalhes nas páginas do seu blog Ao Vencedor as Batatas. Torcedor do Atlético Mineiro, ele é um homem simples que gosta de conversar e relembrar uma trajetória inspiradora que rende livro, novela e filme. É mineiro e bons de prosa, literalmente! Nossa conversa na redação da Folha de Lagoa durou mais de duas horas e acreditem, tem muito mais, além do que conseguimos escrever aqui.

Doutor Otaviano é um prazer conversar com o senhor e que bom que aceitou nosso convite para esta entrevista. Quais as lembranças da sua infância? 
Nasci em Santo Antônio do Monte, no dia 12 de setembro de 1936, na Fazenda Capão Amarelo. A primeira lembrança que tenho é de ter entrado num grande carro de boi, caído na frente da roda, que passou sobre meu corpo, na região da barriga, sem lesionar nenhum órgão. Eu estava querendo ajudar meu pai, tinha cinco anos, guiando os bois. Ele não consentiu pela minha pouca idade, mas num descuido dele entrei dentro do carro e aconteceu o acidente que quase me levou a morte. Mas não fiquei longe dos carros de boi. Fui levado ao médico e nada de grave foi constatado, exceto a marca que ficou em meu corpo.
E os Estudos?
Aos sete anos ingressei no Grupo Escolar Amâncio Bernardes que fica a uma distância de 6 km da fazenda. E ia e voltava a pé, talvez por isso tenha bom preparo físico nos meus 81 anos. Trabalhava e estudava. Tinha muitos amigos, mas naquela época já havia bullying e fui vítima disso. Por morar na roça era discriminado e chamado de “roceiro”. Certa vez, revidei a este insulto, junto com meu primo José Vicente, e aplicamos uma boa surra num dos colegas mais agressivos que, por ironia, era irmão do Juiz de Direito. Por isto nossos pais foram chamados ao Fórum. O engraçado é que perante o magistrado e o promotor, recebemos severas advertências dos pais. Mas em casa eles se manifestaram favoráveis à nossa reação. A partir daí passamos a ser mais respeitados. Ninguém mais nos chamou de roceiros.

E você continuou em Santo Antônio do Monte após esse período? 
Era o ano de 1950 quando completei a quarta série do ensino fundamental. Não havia colégios na cidade, por isto, pedi ao meu pai para estudar em Itapecerica. Levei inclusive o diretor do colégio Padre Herculano para me ajudar no convencimento dos meus pais. Apesar das dificuldades financeiras, acataram o meu pedido diante do que foram convencidos. A um canto da sala havia um irmão mais velho, chamado Antônio, que havia concluído a escola primaria com mais brilho do que e que trabalhava na roça por quatro anos. Neste momento ele disse ao meu pai: Se o Otaviano for, eu também quero ir. Se para estudar um estava difícil, imagina a dificuldade de meus pais para manter dois filhos em colégio interno? Ainda assim, concordaram. Acabamos indo para o Ginásio São Geraldo, em Divinópolis.
E você se saiu bem no novo colégio?
Nada! Tomei uma bomba no ensino médio, logo no primeiro ano. Meu irmão seguiu para Belo Horizonte e iniciou estudos no curso de contabilidade. No ano seguinte, em 1956, fui para BH.

Como foi a vida na capital? 
Chegando lá, manifestei ao meu irmão que meu desejo era o de fazer o curso científico, que me possibilitasse entrar numa escola superior. Diante disto, meu irmão Antônio abandonou o curso de contabilidade e juntos, nos matriculamos, no Colégio Arnaldo,
o mais conceituado da época, onde inclusive estudou o doutor Luciano Pereira Filho. Nossos pais, que continuaram na roça já não podiam bancar nossos estudos. Fizemos concurso para trabalhar no Banco Belo Horizonte e passamos. Era uma vida difícil. Tal como hoje, os bancos, exigiam muito dos funcionários. 
As sete horas entravamos para o colégio. As aulas terminavam às 11h. tínhamos uma hora para tomar banho, almoçar, pegar um bonde e chegar ao banco ao meio dia. Uma correria! Apesar de todas essas dificuldades, ao final de três anos, meu irmão, ingressou na faculdade de medicina da UFMG. No ano seguinte, realizei meu sonho de ser advogado. Ingressei na faculdade de direito da UFMG. Antônio não teve como continuar trabalhando, dada a intensidade dos estudos da faculdade de medicina.

Você seguiu o curso e ainda ganhou uma nova oportunidade profissional. Me conte isso! 
Quanto a mim, voltei àquela jornada de estudos e trabalho, no City Bank, onde fui trabalhar a convite, sem concurso, e com salário triplicado em comparação ao banco anterior. Sem falsa modéstia, fui escolhido pela competência, mas com o tempo percebi que lá trabalhavam pessoas com razoável aparência, incluindo duas ex-miss.

E concluiu o Curso? 
Formei em direito em 1966 formei-me. Poderia ter optado em ir para os Estados Unidos, como funcionário do banco, mas tomei o rumo de Lagoa da Prata, para onde vim a convite do doutor José Antônio Guadalupe, ser professor de língua portuguesa. Aluguei uma sala para instalar meu escritório de advocacia, mas um anjo protetor, doutor Célio de Carvalho, convidou-me para trabalhar como sócio em seu já conceituado escritório.
Lembra qual foi seu primeiro júri? 
O primeiro júri é como um batismo de fogo para qualquer advogado. Aceitei o primeiro convite que me foi feito pelo DR. Jaime Henrique Abreu, MM. Juiz de Direito da Comarca de Antônio do Monte. Era um processo dificilíssimo, rejeitado pelos colegas da comarca, mas tomei como desafio de “Marinheiro de primeira viagem”. Sem falsa modéstia fiz uma defesa memorável, lembrada inclusive pelo Heleno Nunes, que fez relato dos itens da defesa, cujo histórico preciso contar. O réu residiu em Divinópolis de onde foi expulso pelos cunhados, sob ameaça de morte, pelas covardes agressões contra a esposa e seis filhos. Veio parar em Lagoa da Prata e aqui iniciou um romance com uma prostituta, que era uma ótima mulher, apesar dos desencantos da vida mundana. Era bonita e trabalhadora. Iniciaram um namoro e foram viver juntos como marido e mulher.
Ela o respeitava como se esposa fosse. Sebastião, no entanto, não perdeu sua agressividade, apesar de fazer pregações religiosas como falso pastor. Buscavam lenha no cerrado por que não tinham fogão a gás. Nas idas e vindas passou a agredir com extrema violência a nova companheira, que cansada de tanto apanhar, separou-se dele. Por ser uma mulher bonita e trabalhadora, logo arrumou outro namorado, desta vez, da cidade de Arcos (MG). Era um senhor de 80 anos, mas vigoroso, que, no entanto, havia se aposentado por problemas cardíacos. Não demorou muito e marcaram o casamento. A noiva preocupada com o ex namorado de Divinópolis, disse ao futuro esposo: Olha João, o normal é que o casamento se realize em Lagoa da Prata, mas lhe confesso que tenho medo que o Sebastião possa aprontar no dia do nosso casamento. Combinaram então casar-se na igreja da cidade de Arcos. Cuidaram do detalhe do casamento, mas foram ingênuos ao aceitarem convite de familiares para uma festa. Fatidicamente, após o casamento os noivos alugaram um fusquinha e vieram para os festejos oferecidos pelos familiares da noiva. Ao descer do carro, João trajava terno branco e estava muito elegante. No que caminhou alguns passos foi seguido por Sebastião que lhe desferiu uma facada na altura do coração. A festa acabou para desalento da noiva e tristeza de familiares e amigos. Joao foi levado ao hospital, ainda com vida. Mas morreu dois dias depois.

Foi aberto inquérito e feita a denúncia pelo promotor de justiça da Comarca de Santo Antônio do Monte. Da peça acusatória constava que o réu deveria ser condenado a 30 anos de prisão, por que matou um idoso indefeso, por motivo fútil e traiçoeiramente. Só agravantes contra o réu, mas graças aos nossos argumentos de defesa, Sebastião saiu do Fórum livre e voltou para casa.

Você, caro leitor, há de perguntar: quais foram os argumentos de defesa?

Cumpre esclarecer que fui nomeado pelo meritíssimo juiz, logo nada recebi de honorários da parte do réu que era desgraçadamente pobre. Previamente, investi em pesquisas. A primeira providência foi verificar a necropsia. Minha surpresa foi verificar que dos altos não constava a imprescindível necropsia, o único documento capaz de provar as causas da morte. Constatei também que a vítima contava 80 anos e que se aposentou por problemas cardíacos.

Chegou o dia do meu primeiro júri. Minha saudosa e querida mãe estava no primeiro banco para assistir o desempenho do recém-formado advogado. Confesso que havia uma enorme expectativa sobre o meu trabalho, mas principalmente pelo destino do réu que havia matado de forma covarde um pobre velhinho.

O júri foi cercado de expectativa e nervosismo. De um lado, o doutor Lazaro, um promotor de justiça austero e vigilante. Do outro lado, um advogado novato, sem qualquer experiência em júri e diante de um processo cujo réu era um homem cruel. Resumimos nossa defesa cobrando do Ministério Público, a ausência da necropsia. Aleguei também que a denúncia estava errada, por que falava em homicídio qualificado, quando na realidade se tratava de lesão corporal seguida de morte. Aleguei também que o laudo médico, único documento existente nos autos atestava que a faca havia penetrado apenas 4 cm, próximo a clavícula. Como advogado, havia acrescentado aos autos documento assinado por dois médicos da cidade, informando que a distância que vai da clavícula ao coração é de 13 a 14 cm. O réu foi absolvido, por que se tratava de crime impossível e que a vítima havia morrido de susto, quando deparou a enorme quantidade de sangue no seu terno branco. Finalmente aleguei também que em caso de dúvida quanto do dolo, deve favorecer o réu. Finalizando, Sebastião foi absolvido por votação de quatro a três pelo corpo de jurados.

Você Casou?
Fui casado com Eisaurinda Sotes Borges e tivemos quatro filhos: Otaviano Junior (médico do Galo), Ana Cristina (Mestra da UFMG), Aida Mireille (Arquiteta) e Graziela Flávia (Médica Anestesista).  Sete netos. Casamos em 02 de maio 1970.
Como é Sua Relação com os Filhos?
A minha relação com filhos e netos é a mais prazerosa possível. Não medimos esforços para educa-los. Vendi todo o meu patrimônio para isto. Hoje tenho apenas uma casa onde moro e um carro. Meus netos são como gota d’água na folha de “inhame”, como disse o saudoso Cícero Mateus Borges, em entrevista que nos concedeu. Adoro todos! E não lhes corrijo nada, sigo a máxima de que os pais educam e os avós deseducam.
E hoje você namora?
Sim. Após oito meses da separação com Eisaurinda conheci Maria Angélica Bernardes dos Santos, que tem nome artístico de Bilá Bernardes. Estamos próximos de comemorar doze anos de convivência. Sou muito feliz por estarmos completando esta marca histórica. Dividimos nossas alegrias com nossos respectivos familiares, conforme se vê nas fotos Bilá. Na primeira aparece montada sobre a estátua de um leão, tendo à frente meus netos Eduardo Fischer Filho e Alexandre Borges. Na ocasião fomos recebidos por Aída e Eduardo em Campos do Jordão/SP. Noutra ocasião viajamos com Otaviano Júnior e Rafaella para o Rio de Janeiro, participando do Carnaval de 2015, no Sambódromo.
Do que você mais se orgulha?
 Ser o fundador da Biblioteca Pública de Santo Antônio do Monte quando ainda era estudante universitário. Em Lagoa da Prata, fui professor da Escola Estadual Nossa Senhora de Guadalupe até me aposentar em 1991. Fui fundador e diretor do Colégio Municipal José Theotônio de Castro, que chegou a ter 2 mil alunos matriculados e se tornou referência em educação no oeste mineiro. Fui fundador e sou o atual presidente da COOPERPRATA que chegou a faturar 2 milhões por mês, com apenas uma funcionária. Hoje temos captação de leite superior a 50 mil litros de leite diário. É a única cooperativa do Brasil que tem o compromisso estatutário de distribuição anual de sobras (lucros). Se a cooperativa não der lucro seus diretores não receberão honorários.
Seus projetos atuais?
Meu projeto atual é de reabrir o Instituo Federal de Minas Gerais, que representa a possibilidade de os jovens de Lagoa da Prata terem os melhores cursos profissionalizantes do país, além de cursos superiores, sem qualquer custo e com muitos benefícios. Eu entendo que foi o maior desacerto do atual prefeito que se recusou comprar um imóvel, de 70 hectares, que lhe sugerimos por 350 mil reais, sob a alegação de que não tinha recursos. Posteriormente entrou com um projeto na Câmara de Vereadores para comprar um terreno pantanoso (brejo) por 6 milhões e 300 mil reais. Considero as duas atitudes como altamente prejudiciais à educação dos jovens de nossa terra.
Esperança

Graças a Deus e ao idealismo de cidadãos comprometidos com a educação o IFMG deverá ser reaberto, através do apoio dos deputados: Tiago Ulisses (Estadual); Caio Narcio (Federal), atual presidente da comissão nacional de educação, bem como, o deputado Fábio Ramalho, vice-presidente da câmara dos deputados.
Sua ligação com os esportes…
Sempre gostei de praticar esportes, embora o único título conseguido foi o de vice-campeão de futebol de salão de Lagoa da Prata. Minha maior alegria é a de ter meu filho, Otaviano Junior, como médico do Atlético Mineiro, meu time de coração.
Gosta de política até hoje…
Gosto de política e fui vice-prefeito de 1989 a 1993, na chapa encabeçada pelo saudoso Lucas Antônio de Resende. Fui campeão do 5º Torneio Leiteiro de Lagoa da Prata. E recebi medalha de ouro do INCRA como Produtor Modelo, no ano de 1981.
E o que deseja para Lagoa da Prata?
O que mais eu desejo para nossa cidade é que o povo seja feliz, porque conforme dizia o saudoso amigo e ex-prefeito, Pedro Paulo Resende, “Lagoa da Prata nasceu para ser grande” Conclusão, uma cidade só será grande quando houver escolas de qualidade. Fechar o IFMG representa um retrocesso para os jovens que perderam a oportunidade de ter uma Faculdade Federal, sem custos e de Altíssima Qualidade.
Por Fábio Barbosa:
Entrevista concedida à Folha de Lagoa

Nosso Mestre Ama Samonte , Mas se Apaixonou com Lagoa da Prata, que simplesmente é a Continuidade de Santo Antônio, Nossa Co-Irmâ
Pois tudo Procedeu-se de lá, até os habitantes.

A Implantação do Instituto Federal em Lagoa da Prata
https://plantinhaoficialdelagoadaprata.blogspot.com/p/a-implantacao-do-instituto.html


A Luta de Dr. Otaviano Pelo Não Fechamentodo Do Instituto Federal https://plantinhaoficialdelagoadaprata.blogspot.com/p/a-luta-de-dr-otaviano-para-o-nao.html

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